tUnE-yArDs. O nome da banda é infantil.
Nikki Nack. O nome do novo álbum também.
As letras, meu deus. Absurdas e infantis.
No primeiro álbum, BiRd-BrAiNs, por exemplo, Merril Garbus conta pra gente como ela não precisa mais do seu amor, já que pode a qualquer momento ficar grávida de um pássaro. Põe no manicômio?
Não é que tudo faz sentido? Arranjos incríveis com batidas instáveis e irresistíveis, percussão primitiva, coros de vozes que podem lembrar um coro africano ou uma propaganda de rádio dos anos 30 (todas as vozes dela mesma) e um excelente uso do baixo que dá corpo às músicas. Aqui é o baixo de Nate Brenner que manda. Sempre. Ah! E a voz estranha e andrógina de Garbus, um timbre que não é pra todo mundo – portanto, você pode muito bem odiar.
Não é à toa que toda essa infantilidade tão bem trabalhada tenha vindo de uma pessoa que começou a gravar suas primeiras músicas enquanto era babysitter em Martha’s Vineyard, uma ilha na costa de Massachusetts. O playground dadaísta criado por esse ser estranho e encantador é completo: caretas, cores em excesso, cara pintada e uma energia violenta.
Em Nikki Nack, um pouco mais comedido que os álbuns anteriores (ainda assim, longe de comedido), esse clima continua com novas experimentações e alguma adição de sons eletrônicos, sintetizadores gritantes (que caem muito bem, como em w h o k i l l, álbum anterior), percussões divertidas e uma maneira de cantar nada convencional que faz você pensar se isso realmente é “cantar”. Claro, que é.
Tendo estudado danças, ritmos e instrumentos no Haiti, é possível encontrar essas influências nas texturas da percussão. Como a artista já comentou online, “há coisas como sacolas de arroz e o som dessas cadeiras giratórias que a gente vê em bares”. “E tem esse instrumento, que é um pequeno tambor tocado com dois paus sobre uma pele plana, o que serve como o hit hat ou como metrônomo de várias músicas do álbum”, acrescenta.
A maturidade que vem com o terceiro álbum e com um crescimento estrondoso de uma banda desconhecida há pouco tempo atrás não estraga nem um pouco Nikki Nack.
Excesso e diversão ainda são palavras de ordem. Ouça Nikki Nack (álbum completo).